Tóquio, 02 de Setembro de 2021

Eu chorei enquanto dormia, porque a dor não parou durante o sono.

Virei de um lado pro outro, suas coisas ainda estão no mesmo lugar, não consigo tirar nada, dói tocar nas suas roupas.

Eu deitei e chorei, e quando as lágrimas secaram, o ar faltou.

A angústia batia no peito, ela esmurrava o coração com força e não conseguia gritar, porque eu queria gritar.

Então eu deitei e estiquei as mãos, como fazíamos quando conversávamos a noite, olhando nos olhos, então chorei, como se fosse tudo o que me restasse fazer.

Quando essa dor parar eu vou seguir em frente, mas ainda não consigo. Sinto falta do seu abraço, do seu toque.

Carta Aberta: Benefícios do RPG - São Paulo, 05/06/2004

RPG – Abreviação de Role Play Game, ou seja, Jogo de Interpretação de Papéis; é um

jogo onde uma pessoa conta uma história e as demais interpretam personagens dessa

história, mudando o curso da aventura com suas decisões.

Toda criança já jogou rpg ao menos uma vez na vida, quando brincavam de policia e

ladrão, e representavam os respectivos papéis, ou brincavam com bonecas fingindo ser

mães e pais, ou brincando de carrinho sendo um motorista super-habilidoso… a diferença

desse faz-de-conta para o RPG são as regras…

Contar histórias faz parte do ser humano. E as crianças descobrem isso muito cedo…

No Encontro Internacional de Role Play Game, que ocorreu nos dias 28, 29 e 30 de

maio de 2004, houve uma Mesa Redonda sobre RPG e Educação: Experiências e

Possibilidades com a escritora Rosana Rios e Prof.ª Rosângela Basili; onde vários tópicos

relacionados aos benefícios foram mencionados. Estes foram os principais assuntos

abordados:

• Hábito de leitura e pesquisa

O fato de estar participando de um jogo com novos cenários, novos mundos, já chama

atenção do aluno a leitura de livros que tem sua história nesses cenários.

Geralmente num jogo de rpg a história é contada em um tempo diferente do nosso,

frequentemente na era medieval, mas pode se passar na antiga Roma, no Brasil colônia, no

império egípcio entre tantos cenários possíveis.

O aluno que joga num cenário medieval quer saber muito mais sobre as roupas,

costumes, modo de viver daquela época, fazendo pesquisas por si só e conhecendo melhor

aquela época.

A curiosidade move o ser humano…

• Aumento do vocabulário

O fato de aumentar a leitura já traz por si o aumento do vocabulário. Além disso o

mundo medieval traz alguns termos pouco usados atualmente, como aljava, tina entre

outros.

• Tomar decisões

Durante uma aventura frequentemente os jogadores devem decidir seus caminhos,

tomar decisões como o que fazer diante de algo inesperado, como agir rapidamente para salvar

alguém. Esse tipo de situação torna o jogador apto a tomar decisões importantes, situação

que ocorre o tempo todo na nossa vida.

• Pensar nas consequências

As decisões tomadas durante um jogo podem trazer consequências a todos os

personagens, isso faz a maioria dos jogadores pensar em tudo o que está em jogo com suas

ações.

• Trabalho em grupo

Em jogos de rpg, em geral, um grupo de aventureiros se une em prol de uma causa. Essa união

dá-se por diversos motivos, mas é fundamental pro bom andamento do jogo.

Na vida real o trabalho em grupo é fundamental, seja na vida acadêmica ou profissional.

• Desinibição

A atuação de uma aventura em suas diversas situações, acabam por desinibir o

jogador e deixá-lo mais a vontade no ambiente em que vive. O simples fato de declarar

uma ação, gerando as reações da cena envolve cada participante.

Essa convivência é importante para jogadores que tenham uma dificuldade de

relacionamento, desenvolvendo um nível de confiança com o passar do tempo, sob vários

aspectos sociais.

• Comportamento épico

Alguns jogadores passam a observar o jeito de falar e se comportar dos personagens

que interpretam. Esse tipo de pesquisa aumenta a perspectiva cultural sobre o ambiente de

jogo.

• Respeito a autoridade

Em todo rpg há uma pessoa que conta a história, essa pessoa geralmente é conhecida

como mestre ou narrador.

O mestre dá o rumo da história, propõe os desafios e diz o que acontece aos

personagens diante das ações que eles fazem [declaradas pelos jogadores]; assim o mestre

é a autoridade máxima do jogo, dizendo a cada jogador o que é ou não permitido se fazer

durante a aventura. Por isso os jogadores desenvolvem o hábito de respeitar a autoridade do

mestre.

Vendo isso como valor moral, o jogador passa a ver os pais, professores, patrões, etc,

como “autoridades” que são.

Conclusão

Diante dos benefícios apresentados, vimos que o RPG pode ser usado como

ferramenta para educação,

Esses foram os assuntos levantados naquele encontro; além de todos esses benefícios,

há diversão e descontração, num hábito saudável e caseiro.

por Luciano Santos Gonçalves

São Paulo, 23 de fevereiro de 1951

As árvores balançavam ao vento, soltando tantas folhas e sujando a rua. Vi isso porque te esperei por algumas horas, não por pensar que era importante pra ti, mas por saber que é importante pra mim.

Tomei um chocolate quente, depois um café. A empada de lá é muito boa, uma pena você não ter aparecido. Eu vi um filhote de cachorro correndo sozinho na rua, tão indefeso, a dona apareceu preocupada instantes depois, eu lhe indiquei a direção pra onde foi o peralta. Vi um carro passando, levando gente importante, um pneu furou e dois seguranças sairam enquanto o motorista fazia a troca.

Uma dona passou com um vestido de festa, ia para um ponto de ônibus e parecia atrasada, pois olhava sempre ao relógio. Então o cheiro da torta de morango trouxe minha atenção de volta ao balcão. Pedi um pedaço e pensei em você experimentando.

Eu fiz a minha parte, te esperei o quanto pude, mas o pouco de orgulho que me restara me levou pra casa. Não te escrevo para prorrogar a esperança, só precisava te dizer como foi o último dia em que pensei em ti.

Berlim, 02 de Agosto de 1812

Está nevando forte a cerca de oito horas, tive de interromper a caminhada congelante, para me recompor. As luvas estão geladas e os uivos, que a noite trouxe, nos deixam alerta o tempo todo.
Clarice está tremendo forte, com pouca ou nenhuma esperança de chegar a cabana.
Eu estou registrando esses momentos para revelar àqueles que encontrarem nossos corpos o que houve conosco.
Fomos em busca do artefato, o mapa nos guiou a uma caverna onde um diário nos revelou a localização da cabana.
Pensando agora.. podemos ter caído em uma armadilha... vou checar se está tudo bem com Clarice... a pena está na estante.

São Paulo, 18 de Janeiro de 2012

Eu sei que não temos muito tempo, mas preciso levar o relógio até ele. Se eu não cumprir a promessa, a liberdade será ilusória. A jóia foi entregue e a caneta foi roubada. Todas engrenagens ajustadas permitem o funcionamento do sistema.

Espero te encontrar no aeroporto, mas se eu não chegar a tempo, vá sem mim, te encontro no tempo adequado.

 W. T.

Homenagem

Encontrei um texto que escrevi outro ano, numa data comemorativa:

Hoje é dia do escritor.
Talvez seja um dia simbólico para quem nunca se arriscou a quebrar o silêncio redigindo linhas de idéias.
São vários os motivos que levam um ser humano a escrever; ensinar, contar histórias, compartilhar sentimentos, revelar segredos ou somente registrá-los, expressar idéias, informar, entre tantos outros.
Todo mundo tem motivo para escrever mas nem todos se arriscam. Alguns preferem deixar suas idéias guardadas na mente, onde não há quem possa criticá-las, mas também não há como compartilhar.
Então, se você é um desses que arrisca: Feliz Dia do Escritor!

22 de Outubro de 1922

...mas eu corri pela fronteira e uma forte neblina estava encobrindo o que havia do outro lado da ponte. Quanto mais me aproximava mais o medo crescia, mas o que me perseguia era mais perigoso então segui em frente, acelerando a corrida o tanto quanto pude, até que entrei na neblina.Era espessa e gélida, não era possível enxergar nada, e puxei da memória o mapa que eu vira no livro, antes de deixar a cabana.
Segui pela direita e ouvi rugidos distantes, lá de trás veio um grito de desespero agudo, o coração acelerou, parei diante de uma porta fechada com um cadeado, saquei a faca da bainha de couro e forcei a abertura. Não sei se o cadeado estava enferrujado, ou se no calor do momento o corpo reagiu ao medo, mas foi fácil abrir o cadeado e entrei numa espécie de armazém. Não conseguia enxergar nada bem, mas queria trancar a porta de alguma forma...

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