sábado, 15 de setembro de 2012

São Paulo, 25 de Setembro de 2007

Eu fugi durante a noite, aguardei o sono profundo do guarda e consegui a chave. Deixei a chave na porta, do lado de fora, quem sabe ele me deixe ir, talvez ele se importe mais com a chave. Eu não prestei muita atenção no caminho de volta, mas encontrei um chalé na saída da floresta.
Passei algumas horas observando se alguém vivia ali, mas está abandonado.
Encontrei lápis e papel sobre uma mesa, havia uma lista ao lado, com três itens ticados, a data era de dois anos atrás, o último item era "ligar para Rose", mas estou fugindo do assunto.
Eu estou bem. Peguei umas peças de roupas e segui para oeste, estou tomando um café num bar de estrada e logo vou poder lhe contar tudo o que passei pessoalmente. Não mostre esta carta a ninguém, se puder queime. até mais...

São Paulo, 08 de Agosto de 2012

Querido Marujo,

Estamos navegando num mar de horizontes incertos. A cada porto em que paramos temos novos tripulantes e eventualmente alguns ficam em terra, nós podemos ter contratempos enquanto atracados, mas os grandes problemas surgem em alto mar.
Conflitos, discordâncias, tramas sombrias ocorrem desde o convés até os dormitórios mais confortáveis.
A tempestade altera os ânimos, reúne as pessoas, muda o ritmo da viagem. Algumas pessoas entram em desespero, algo tão forte que as levam ao mar; jogam-se nas mãos do destino sem pensar bem.Foram essas pessoas que me levaram a escrever esta carta.
Eu vi quando você tentou acalmar a tripulação, e quando alguns se lançaram ao mar. Eu observei a queda com tristeza, mas sabia que era preciso dar um tempo antes de jogar a bóia.
As pessoas no mar sentem o frio, a solidão, o medo; mas também podem encontrar a calmaria que buscavam, ou quem sabe uma ilha, um novo recomeço.
E se acaso essas pessoas percebam que o navio, com todo seu caos, é mais seguro que o mar, então eu fico feliz em ajudar no resgate.
Marujo, você não tem que impedir as pessoas de saltarem, de conhecer o oceano, só precisa estar pronto para o resgate.

Atenciosamente,

O Capitão. 

domingo, 2 de setembro de 2012

São Paulo, 02 de Setembro de 2012

Querido Deus,

Me desculpa, eu não fui digno contigo esta noite. Falhei no horário, na memória, no traje, no louvor, na postura, no falar, no silêncio. É tão estranho se sentir tão pequeno quando a tua glória deveria estar resplandecendo  e sendo presente. O que eu faço Senhor?

Ass: Servo